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Pedagoga, casada, 49 anos. Dizem que tenho dom de escritora, poetisa...mas tenho mesmo é paixão pela vida! Defendo aquilo que acredito ainda que para muitos, possa parecer loucura ou utopia. Abomino qualquer forma de preconceito, tenho defeitos como qualquer ser humano e qualidades inigualáveis. Sou romântica, sonhadora, corajosa e por vezes impulsiva! Tenho gana de viver e disposição para aprender. E em meio a tudo que já vivi, tiro conclusões positivas e esclarecedoras para escrever a minha história. Acredito sinceramente que quando queremos muito alguma coisa, o universo conspira a nosso favor! "Seja qual for o seu sonho - comece. Ousadia tem genialidade, poder e magia." (Goethe)... Resolvi criar este Blog para expressar melhor o meu mundo interior, minha visão sonhadora, realista e principalmente particular diante de assuntos diversos, sem me sentir dona da razão, até porque razão nunca foi o meu forte...Eu quero mesmo é ser feliz!!! :) Sejam todos muito bem-vindos ao "Mundo da Lú"!

domingo, 29 de maio de 2011

A ANTROPONÍMIA BRASILEIRA



O estudo destinado à explicação dos nomes próprios recebe o nome de Onomástica, que é um dos ramos da lingüística onde se inclui a Antroponímia, que é o estudo dos nomes das pessoas

Os Antropônimos estão documentados e registrados em todas as raças e línguas, fazendo parte da cultura de todos os povos desde as eras mais primitivas.
Apelidos ou nomes foi a forma encontrada pelos seres humanos para distinguir as pessoas da família e da comunidade, facilitando assim, a identificação de cada um de seus membros.
Inicialmente, apenas um nome era suficiente para a identificação, mas com o crescimento das famílias e a população das comunidades, alguns nomes começaram a se popularizar e a serem também usados por descendentes de outras famílias, gerando assim, dificuldades na distinção de cada pessoa. Houve então, a necessidade da criação de um segundo nome que acrescentado ao primeiro identificasse melhor as pessoas.
O segundo nome foi surgindo naturalmente, aliado a peculiaridades referentes à pessoa, identificando-a imediatamente: João Oliveira, ou João, que planta, cuida ou vende olivas; Paulo Ferreira, ou Paulo, o ferreiro ou aquele que trabalha com ferro; Luiz Serra, ou Luiz, o que mora na serra ou no alto da montanha; Pedro Carneiro, ou Pedro, o que cria carneiros; Sérgio Fortes, ou Sérgio, o forte, o musculoso, de aparência forte; Luiz Guimarães, ou Luiz, nascido ou procedente da cidade de Guimarães; Antônio Lago, ou Antônio, o que pesca ou mora próximo a um lago; Cláudio Branco, ou Cláudio, o de cor bem clara, branca; João Batista dos Reis, em veneração aos três reis magos da história cristã; Carlos Pontes, ou Carlos, o que constrói pontes. Assim, desta forma simples de apelidos, foram surgindo nomes que seriam adotados como sobrenomes, simplificando a identificação dos indivíduos e das famílias dentro das comunidades.
Na formação dos antropônimos brasileiros houve a influência de vários povos e idiomas. O português, o espanhol, o italiano, o alemão, o hebraico, o árabe, o inglês, o francês, o latim, o anglo saxão e outros com menor participação, como a nação indígena que habitava nossas terras, antes do descobrimento.
No início da colonização do Brasil somente foram implantados Cartórios de Registro Civil nas principais cidades onde residia a maioria dos fidalgos. Ficou, então, para os padres da Igreja Católica, principalmente os jesuítas que catequizavam pelo interior, estabelecer através dos casamentos e batizados, os nomes e sobrenomes. Porém, somente as crianças com os nomes de origem bíblica, santos ou usados pelos fidalgos eram aceitos para batizar, enquanto os de procedência indígena ou negra (afro), eram aconselhados a trocar por um desses nomes mais conhecidos dentro das classes dominantes.
Deve-se reconhecer, entretanto, que foi muito proveitosa a colaboração cultural da Igreja na forma da antroponímia no início da colonização do Brasil. Apesar das censuras impostas, se não houvesse os livros de registros de batizados e casamentos da Igreja Católica, muitos nomes e sobrenomes de famílias que no país habitavam, teriam desaparecido no tempo e da história, já que os governantes da época tinham pouco ou nenhum interesse em saber de nomes e sobrenomes, onde e como viviam as famílias de então.
O estrito acesso ao estudo e à cultura fez evidentemente com que durante quase 500 anos muitos erros gráficos e ortográficos fossem cometidos por quem foi oficializar o nome ou por quem registrou: Bibiano ou Bibiana, que devido à pronúncia do imigrante português, fez surgir Viviano ou Viviana; do erro de escrita do nome Ewaldo, nasceu Euvaldo; Alzira, que passou também a ser grafado Elzira; Eurides, que é Orides; José Sidnei, que passou a ser também José Sídio. E muitos outros.
Todavia tais erros cometidos ingenuamente por padres e oficiais do Registro Civil, muito eles colaboraram para o enriquecimento do nosso vocabulário de antropônimos.
Até o século passado predominaram os Antônios, os Joões, Josés, Marias, Paulos, Sebastiões, Pedros, Luzias, Terezinhas, Franciscos..., e alguns por serem de personalidades da Igreja Católica: Moisés, Abraão, Samuel, Sara, Salomão, Joab, Adão, Eva, etc., todos citados na Bíblia. Os Joaquins e os Manuéis que eram muito populares em Portugal vieram junto com a colonização.
Com as imigrações dos germânicos, anglo-saxões, espanhóis, italianos, que aqui foram chegando, começou também a se diversificar a antroponímia brasileira.
Se até então era predominante os Antônios, Marias e Josés..., a partir daí começaram a surgir Adalbertos, Arletes, Cláudios, Clovis, Ewaldos, Giovanis, Gertrudes, Guilhermes, Robertos, Ronaldos, Walters, Wilsons..., acrescentando assim, uma valiosa colaboração para o enriquecimento dos antropônimos brasileiros.
Não se pode esquecer a grande colaboração de José de Alencar, Anchieta, Lemos Barbosa, Gonçalves Dias, Taunay, Teodoro Sampaio e outros escritores que através de suas obras que fazem parte do patrimônio literário da nossa cultura, conseguiram integrar e popularizar dentro do costume de nomes próprios predominantemente das raças brancas, vários nomes indígenas na antroponímia brasileira, como: Guaraci, Iracema, Juçara, Juracy, Jurandir, Moacir, Ubiratã, Yara e muitos outros.
A participação do povo também foi importante dentro desta conjuntura. Da criatividade popular nasceram os nomes: Juliene, que é a justaposição de Júlia + Enio; Lucineide, que é a justaposição de Lúcio + Neide; Ezimar, que é a justaposição de Ezio + Maria; Genivaldo, que é a justaposição de Geni + Osvaldo; Josmari, que é a justaposição de José + Maria; Elenice, que é a justaposição de Hélio + Eunice...
Os étimos dos antropônimos exerceram e exercem pouca influência quando da escolha de novos nomes. A Bíblia, a Igreja, a música, a política, a literatura, a televisão, tiveram e têm maior influência que os significados etimológicos na popularização dos nomes das pessoas.
Os nomes dos apóstolos e santos se popularizaram em todas as camadas sociais sem ser considerado o significado etimológico. Também nomes como Adolfo, Afonso, Amélio, Benjamim, Carmem, Carlos, Carol, César, Cláudio, Dante, Elizabeth, Franklin, Getúlio, Guilherme, Henrique, Iracy, Iracema, Jânio, Joana, Julieta, Victor, Vladimir, Washington e Wellington, Yara, e tantos outros se tornaram populares por ser, cada um deles, nome de pessoa que se tornou admirada por suas qualidades de político, governador, herói histórico ou mitológico, personagem de um romance ou de novela, nome de música ou de artista, ou ainda, para homenagear pessoas amigas ou da família, e não pelo sentido étimo propriamente.
A escolha de um nome começa quando é anunciada e confirmada a gravidez. A partir daí se inicia um longa peregrinação de A à Z por livros e revistas para escolher um nome que seja forte, bonito, simpático e admirado. Sugestões de familiares e amigos são também aceitas, e normalmente é elaborada uma grande lista. Mas, na verdade, quem vai decidir são os pais. Só eles é que darão a palavra final.
Se ao escolher nome para um filho ou filha os pais consultassem um dicionário étimo de antropônimos, provavelmente nomes como Pedro, Paulo, Cláudio e outros não seriam tão populares; as preferências provavelmente recairiam para Carlos, Apolo, Gumercindo, Humberto, Reinaldo, etc. Entretanto, muitas vezes são esquecidos detalhes importantes nesta escolha. É preciso lembrar, em primeiro lugar, que o nome escolhido não é marca ou propriedade de quem escolhe e sim a identificação de uma pessoa por toda a vida; e em segundo lugar, o sobrenome que também o acompanhará. É importante também ressaltar a tradição mais que secular de composição do nome de uma pessoa, com o prenome sucedido com pelo menos dois apelidos de família oriundos de sua ascendência paterna e materna.

Fonte: Dicionário de nomes próprios, Salvato Claudino, Editora Thirê Ltda, S. Paulo, 1996

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