Reformado, Teatro Municipal de São Paulo é um presente para a cidade. Programação de reabertura começa com concertos. Em julho, haverá a apresentação de companhias de balé, que já estão ensaiando.
Parte da plateia e do teto do Teatro Municipal de São Paulo, que será reaberto ao público em 12 de junho de 2011. Foto: Felipe Rau/AE
Pinturas no teto e interior do Teatro Municipal de São Paulo
O Teatro Municipal de São Paulo nasceu embalando os sonhos de uma cidade que crescia com a indústria e o café e que nada queria dever aos grandes centros culturais do mundo no início do Século XX. Como em 1898 a cidade perdera para um incêndio o Teatro São José, palco das suas principais manifestações artísticas, tornava-se imperativo construir um espaço à altura das grandes companhias estrangeiras.
Está tudo restaurado: a pintura, a cortina, o palco e a iluminação. O Teatro Municipal de São Paulo passou por uma super reforma e a cidade recebe este presente de volta neste fim de semana. No ano do centenário do teatro, ele está tinindo, brilhando e lindo.
Dentro dele, os equipamentos de som e luz do palco ganharam controles por computador. Uma mudança que vai permitir que o Teatro Municipal de São Paulo tenha uma programação muito mais variada. O prédio, inspirado na Ópera de Paris, é capaz de provocar paixão à primeira vista.
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Planta original do Theatro Municipal de São Paulo
Inauguração em 12 de setembro de 1911
No dia 12 de setembro comemora-se a inauguração do Theatro Municipal de São Paulo, que aconteceu no ano de 1911, possibilitando os primeiros caminhos culturais do Brasil.
A escolha do local para a construção do teatro foi o Morro do Chá, sendo projetado por Cláudio Rossi e desenhado por Domiziano Rossi. Suas obras foram iniciadas no ano de 1903, finalizadas somente em 1911.
A arquitetura do teatro foi elaborada conforme os padrões europeus, do tipo eclético, numa combinação dos estilos renascentista, barroco e art nouveau. As dependências foram preparadas para receber óperas e grandes orquestras, vindo mais tarde a estender suas atividades.
O ato inaugural da primeira noite foi um trecho da obra de Carlos Gomes – “O Guarani”. Porém, o primeiro espetáculo apresentado foi Hamlet, dirigido por Thomas Ambroise, baseado no drama de Willian Shakespeare, pois na época as apresentações se voltavam mais para as óperas.
A estreia do teatro deveria ter acontecido no dia onze, o que não foi possível em razão dos atrasos na chegada do cenário que compunha o espetáculo, vindos da Argentina, ficando a mesma para o dia seguinte.
Na tão esperada inauguração, várias pessoas se juntaram nas proximidades do teatro, muitos para admirar a beleza do monumento e da iluminação disposta.
Operários italianos que trabalharam na sua construção - 1911
Programa de inauguração - 1911
Titta Ruffo (barítono) - Inaugurou o Municipal interpretando o papel título da ópera "Hamlet", de Ambroise Thomas.
Nijinsky (bailarino) in "Sherazade", dançou no Municipal em 1917
Maria Callas (soprano) - apresentou-se na temporada lírica de 1951
FONTE:
O Theatro Municipal de São Paulo é um dos mais importantes teatros de cidade e um dos cartões postais da capital paulista, tanto por seu estilo arquitetônico semelhante ao dos mais importantes teatros do mundo, e claramente inspirado na Ópera de Paris, como pela sua importância histórica, por ter sido o palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o marco inicial do Modernismo no Brasil. Foi construído para atender o desejo da elite paulista da época, que queria que a cidade estivesse à altura dos grande centros culturais da época, assim como promover a ópera e o concerto. Abriga atualmente a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, Orquestra Experimental de Repertório, Coral Lírico, o Coral Paulistano e o Ballet da cidade de São Paulo.
O gosto pela música erudita já havia sido formado por influência da Côrte, tendo grande impulso durante reinado do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina. Vários teatros foram construídos ao longo da costa brasileira e interior do Brasil. Na cidade de São Paulo, pequenos teatros cumpriam a tarefa da recepção de companhias internacionais que se apresentavam num circuito já bem conhecido: Manaus, no Teatro Amazonas, Belém, no Teatro da Paz, Rio de Janeiro, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em Buenos Aires, Argentina, no Teatro Colón. Teatros como o Teatro Provisório Nacional, Teatro Politeama, Teatro Minerva, Teatro Apolo, assim como o melhor deles o Teatro São José, participavam deste circuito. Inicia-se no ano de 1895, as discussões sobre a construção de um teatro especificamente para ópera com um projeto enviado para a Câmara Municipal que tramita sem sucesso. Em 1898, o Teatro São José foi destruído por um incêndio; a Câmara Municipal lança incentivo para o empreendimento da construção do novo teatro, mediante a isenção de impostos. O empreendimento será efetuado quando a concessão para isenção de impostos é estabelecida em 50 anos, neste momento, o Escritório Técnico de Ramos de Azevedo apresenta a proposta de construção. Outra proposta já havia sido apresentada por Cláudio Rossi ao primeiro prefeito Antônio Prado que faz a aproximação entre o Escritório Técnico de Ramos de Azevedo.
O local escolhido para a construção foi o Morro do Chá, que já abrigava o Novo Teatro São José. Com o projeto de Cláudio Rossi, desenhos deDomiziano Rossi e construção pelo Escritório Técnico de Ramos de Azevedo, as obras foram iniciadas em 1903 e finalizadas em 1911. O estilo arquitetônico é o eclético, em voga na Europa desde a segunda metade do século XIX. São combinados os estilos Renascentista, Barroco do setecentos e Art Nouveau, sendo o último o estilo da época. A inauguração estava marcada para o dia 11 de setembro, mas devido ao atraso na chegada dos cenários da companhia Titta Ruffo,em São Paulo, pois vinham de turnê pela Argentina, foi adiada para 12 de setembro. Houve uma grande aglomeração de pessoas no entorno do teatro, muitas admiradas pela iluminação com energia elétrica vinda de seu interior e pelo entorno. A noite foi iniciada com o trecho da obra “O Guarani”, de Carlos Gomes, devido a pressão da crítica paulistana. Seguiu-se depois a encenação da ópera “Hamlet”, de Ambroise Thomas, com o barítono Titta Ruffo no papel principal. A companhia apresentou outras óperas durante a primeira temporada.
No período de 1912 a 1926, o teatro apresentou 88 óperas de 41 compositores, sendo dezessete italianos, dez franceses, oito brasileiros, quatro alemães e dois russos, totalizando 270 espetáculos. Mas o fato mais marcante do teatro no período e talvez em toda a sua existência não foi uma ópera e sim um evento que assustaria e indignaria grande parte dos paulistanos na época: a Semana de Arte Moderna de 1922.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Teatro_Municipal_de_S%C3%A3o_PauloCartaz da Semana de 22
Os Modernistas - 1922
Em 1922, o Teatro Municipal de São Paulo tornou-se palco do movimento modernista, entre os dias 11 e 18 de fevereiro, quando aconteceu a Semana de Arte Moderna. O evento trouxe apresentações de palestras, textos literários, músicas e outros, além do novo estilo de pintura proposto.
Talvez este tenha sido um dos maiores e mais importantes acontecimentos promovidos nas dependências do Teatro Municipal de São Paulo, que além de sua importância para os aspectos culturais do país, contou com a participação de renomeados artistas, escritores e músicos como: Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Chiquinha Gonzaga, Menotti Del Picchia, Heitor Villa-Lobos e outros.
1917
1924
1950
"Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro." (Albert Camus)
"A cultura histórica tem o objetivo de manter viva a consciência que a sociedade humana tem do próprio passado, ou melhor, do seu presente, ou melhor, de si mesma." (Benedetto Croce)
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