Certa vez, um homem esbaforido achegou-se ao grande filósofo e sussurrou-lhe aos ouvidos:
- Escuta, Mestre... Na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular...
- Espera!... respondeu o sábio prudente. Já passaste o que vais me dizer pelos três crivos?
- Três crivos? -perguntou o visitante espantado.
- Sim, meu caro amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles: O primeiro é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto àquilo que pretendes comunicar?
- Bem, - ponderou o homem, - assegurar mesmo, não posso...Mas ouvi dizer e então...
- Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julga saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
Hesitando, o homem replicou:
- Isso não... Muito pelo contrário...
-Ah! - tornou o sábio - então recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
- Útil?!... Indagou o visitante ainda agitado. - Útil não é.
- Muito Bem disse o filósofo num sorriso, - se o que tu tens a me confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que de nada valem para nós!
Aí está, meu amigo, a lição do Mestre, em questão da maledicência...
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