“Uma boa vida tem como base o sentido do que queremos para nós em cada momento e daquilo que, realmente vale como realmente importante”. (Guerdjef)
Desde o Princípio, a felicidade tem sido sempre o objetivo do homem, mesmo que seu desenvolvimento mental ainda não o permitisse. Consistia provavelmente na busca de satisfazer suas necessidades de sobrevivência.
Com o passar do tempo, séculos e milênios modificaram, concomitante às transformações antropológicas, a utilização do cérebro e ao subseqüente desenvolvimento e aprimoramento do homem, essas necessidades que passaram por uma metamorfose paulatina de adaptação.
O homem compreendeu que satisfazer à premência de sobreviver não mais lhe bastava. Passou a pensar, a sentir, a questionar, a sensibilizar-se e, finalmente, a indagar-se sobre o que lhe ocorria e não compreendia a razão.
Muito já foi escrito a respeito. Teria que escrever um livro para enumerar todos os pensadores que se debruçaram a discorrer sobre o que consiste a felicidade e como obtê-la.
É ela de tal importância que se encontra inserta no preâmbulo da maioria das constituições escritas após a Revolução Francesa. A "busca da felicidade" (the pursuit of happiness...) é considerado como um direito fundamental e inalienável dos cidadãos desses países.
Mas o que é a felicidade? Depende ela de fatores endógenos ou exógenos? Está ao nosso alcance direto ou pode ser obtida sem esforço pessoal qualquer que seja? É um estado de espírito ou um bem-estar meramente físico - ou intrinsecamente um existe no outro ou mesmo, pode uma existir sem que a outra esteja presente?
Sob outro ângulo, é possível alguém sentir-se feliz estando só ou necessita de outro alguém para que a felicidade se faça presente? Ou mesmo... se esse alguém não é feliz só - pode ele fazer outrem feliz?
As respostas às indagações todas acima dariam, no mínimo, extensos capítulos - como o Rocambole, de Ponson de Terrail. E isso pelo motivo de que as respostas dependeriam de quantas fossem as pessoas que se pusessem a questionar a si mesmas sobre este único tema caleidoscópico.
Cada ser é um universo em si mesmo e este fato, por si só, é a origem da diversidade de necessidades pessoais para que cada um se considere feliz.
Escrevi: "que se considere feliz" propositalmente, pois é fundamental "saber-se feliz". Não há possibilidade de "ser-se feliz" sem a consciência de sê-lo.
Os 'estágios' de felicidade passam por todas as necessidades espirituais e físicas de um ser. E tanto é difícil a elas todas preencher, que é comum o entendimento de que "felicidade completa não existe neste mundo".
Fixemo-nos, todavia, na felicidade que podemos obter enquanto estamos nesta dimensão. Até onde, na estrada da vida, poderemos nos considerar felizes, conscientemente felizes? Como deveremos agir para que assim nos sintamos? Estão ao nosso alcance os meios para sermos felizes?
Por outro lado, ressalte-se: todas as criaturas, indistintamente, para atingirem - ou mesmo tentar atingir este objetivo, deve rim desfrutar, em princípio, o bem da saúde.
Mas, então, alguém pode ainda indagar: "e as pessoas doentes fisicamente falando, jamais poderiam ser felizes?". Minha resposta simples - porém não simplista - é uma só: "dependerá de seus espíritos - do grau de desenvolvimento de suas almas, por isso escrevi acima:"em princípio". Minha resposta não poderia ser absoluta.
Todavia com saúde ou não, o auto conhecimento é fundamental para todos nós - ou jamais poderemos vir a alçar vôo como os pássaros em direção ao horizonte infindo das possibilidades humanas.
Com o auto-conhecimento, tudo poderemos, pois, sendo cônscios de que somos parte do mecanismo universal, seremos capazes de acionar suas engrenagens para que se movimentem a nosso favor.
Judeus, sumérios, assírios, caldeus, egípcios - os povos da antiguidade todos (de acordo com seus costumes), iniciaram suas indagações não só frente ao desconhecido universo que os envolvia, como ao microcosmo representativo de cada um de seus membros.
Consideram os historiadores, todavia, a Grécia como o berço das idéias que se projetaram luminosamente sobre o mundo, tirando-o da escuridão que o encobria.
Bem antes de O Segredo - tão lido e comentado hoje em dia como uma 'novidade', Guerdjef, (Georgiǐ Ivanovič Gǐurdžiev (Георгий Иванович Гюрджиев) ou G.I.Gurdjieff (1866-1949), um mistico e mestre espiritual nascido na Armênia, já ensinava a filosofia do autoconhecimento profundo, através da lembrança de si, transmitindo a seus alunos o que aprendera em suas viagens pela Rússia, Afeganistão e outros países.
Dizia ele: "Uma boa vida tem como base o sentido do que queremos para nós em cada momento, e se soubermos distinguir o acessório do principal".
Seguindo essa linha de pensamento, escreveu Guerdjef vinte regras de vida:
“Afirmam os entendidos em comportamento que, se formos capazes de seguir apenas a metade delas, poderemos também ser capazes de viver em harmonia com nossa essência”
1) Faça pausas de dez minutos a cada duas horas de trabalho, no máximo. Repita essas pausas na vida diária e pense em você, analisando suas atitudes.
2) Aprenda a dizer não sem se sentir culpado ou achar que magoou. Querer agradar a todos é um desgaste enorme.
3) Planeje seu dia, sim, mas deixe sempre um bom espaço para o improviso, consciente de que nem tudo depende de você.
4) Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez. Por mais ágeis que sejam os seus quadros mentais, você se exaure.
5) Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho, casa, no grupo habitual. Por mais que isso lhe desagrade, tudo anda sem a sua atuação, a não ser você mesmo.
6) Abra mão de ser o responsável pelo prazer de todos. Não é você a fonte dos desejos, o eterno mestre de cerimônias.
7) Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedir às pessoas certas.
8) Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os porque são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.
9) Tente descobrir o prazer de fatos cotidianos como dormir, comer e tomar banho, sem também achar que é o máximo a se conseguir na vida.
10) Evite se envolver na ansiedade e tensão alheias enquanto ansiedade e tensão. Espere um pouco e depois retome o diálogo, a ação.
11) Família não é você, está junto de você, compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.
12) Entenda que princípios e convicções fechadas podem ser um grande peso, a trave do movimento e da busca.
13) É preciso ter sempre alguém em que se possa confiar e falar abertamente ao menos num raio de cem quilômetros. Não adianta estar mais longe.
14) Saiba a hora certa de sair de cena, de retirar-se do palco, de deixar a roda. Nunca perca o sentido da importância sutil de uma saída discreta.
15) Não queira saber se falaram mal de você e nem se atormente com esse lixo mental; escute o que falaram bem, com reserva analítica, sem qualquer convencimento.
16) Competir no lazer, no trabalho, na vida a dois, é ótimo ... para quem quer ficar esgotado e perder o melhor.
17) A rigidez é boa na pedra, não no homem. A ele cabe firmeza, o que é muito diferente.
18) Uma hora de intenso prazer substitui com folga 3 horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca uma oportunidade de divertir-se.
19) Não abandone suas 3 grandes e inabaláveis amigas: a intuição, a inocência e a fé!
20) E entenda de uma vez por todas, definitiva e conclusivamente: Você é o que se fizer.
Mirna Cavalcanti de Albuquerque Pinto da Cunha (Wiki Repórter)
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