Nara
Lofego Leão Diegues (Vitória, 19 de Janeiro de 1942 — Rio
de Janeiro, 7 de Junho de1989) foi uma cantora brasileira.
Filha
caçula do casal capixaba Jairo Leão e Altina Lofego (em italiano Lofiego),
descendente de imigrantes da Basilicata que imigraram para o Espírito Santo no século XIX
(famílias D'Amico e Lofiego), Nara nasceu em Vitória e mudou-se para a Cidade
do Rio de Janeiro quando
tinha apenas um ano de idade, com os pais e a irmã, a jornalista Danuza Leão. Durante a infância, Nara teve aulas de violão com Solon Ayala e Patrício
Teixeira, ex-integrante do grupo
"Os Oito Batutas" de Pixinguinha. Aos 14 anos, em 1956, resolveu
estudar violão na academia de Carlos Lyra e Roberto Menescal, que funcionava em um quarto-e-sala na rua Sá
Ferreira, em Copacabana. Mais tarde, Nara tornou-se professora da academia.
A Bossa Nova nasceu
em reuniões no apartamento dos pais da cantora, em Copacabana, das quais participavam nomes que
seriam consagrados no gênero, como Roberto Menescal, Carlos Lyra, Sérgio Mendes e seu então namorado,Ronaldo Bôscoli. No fim dos anos 1950,
Nara foi repórter do jornal "Última Hora", onde Bôscoli também
trabalhava, e que pertencia a Samuel Wainer, casado com a irmã de Nara,
Danuza Leão. O namoro com Bôscoli terminou quando ele a traiu e iniciou um caso
com a cantora Maysa, durante uma turnê em Buenos Aires, em 1961.
Daí em diante, Nara se reaproxima de Carlos Lyra, que rompeu a parceria musical com
Bôscoli em 1960, e de idéias mais à esquerda. Inicia um namoro com o cineasta Ruy Guerra e
se casa com ele um tempo depois. Nessa época passa a se interessar pelo samba
de morro.
A
estreia profissional se deu quando da participação, ao lado de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, na comédia Pobre Menina Rica (1963).
O título de musa da Bossa Nova foi a ela creditado pelo cronista Sérgio Porto. Mas a consagração efetiva ocorre
após o movimento militar de1964, com a apresentação do
espetáculo Opinião, ao
lado de João do Vale e Zé Keti, um espetáculo de crítica social à
dura repressão imposta pelo regime militar. Maria Bethânia, por sua vez, a substituiria no ano
seguinte, interpretando Carcará,
pois Nara precisara se afastar por estar afônica. Nota-se que Nara Leão vai
mudando suas preferências musicais ao longo dos anos 1960. De musa da Bossa Nova, passa a ser
cantora de protesto e simpatizante das atividades dos Centros Populares de Cultura da UNE.
Embora os CPC's já tivessem sido extintos pela ditadura, em 1964,
o espetáculo Opinião tem forte influência do espírito
cepecista. Em 1966,
interpretou a canção A
Banda, de Chico Buarqueno Festival
de Música Popular Brasileira (TV Record), que ganhou o festival e público
brasileiro.
Dentre
as suas interpretações mais conhecidas, destacam-se O barquinho, A Banda e Com
Açúcar e com Afeto -- feita a
seu pedido por Chico Buarque, cantor e compositor a quem
homenagearia nesse disco homônimo, lançado em 1980.
Nara
também aderiu ao movimento tropicalista, tendo participado do disco-manifesto do movimento - Tropicália ou Panis et Circensis,
lançado pela Philips em 1968 e
disponível hoje em CD.
Já
separada alguns anos do marido Ruy, de quem não teve filhos, Nara casa-se
novamente, dessa vez com o cineasta Cacá Diegues, com quem teve dois filhos: Isabel e
Francisco. No fim dos anos 1960,
se muda para a Europa com o
marido, permanecendo lá por dois anos, tendo morado na França, na cidade de Paris,
onde nasceu Isabel, primeira filha do casal.
No
começo dos anos 1970, ela volta para o Brasil grávida e
nasce na Cidade do Rio de Janeiro o segundo filho do casal, Francisco. Nessa
época, decide estudar psicologia na PUC-RJ. De fato, Nara planejava abandonar a música mas não
chegou a deixar a profissão de cantora, apenas diminuindo o ritmo de trabalho e
modificando o estilo dos espetáculos, pois era muito cansativa a vida de uma
cantora, já que ela agora era mãe e casada, tinha que se dedicar mais aos
filhos e ao marido do que a música, apesar de Nara amar cantar, teve que fazer
essa difícil escolha.
Morreu na
manhã de 7 de junho de 1989 vítima
de um tumor cerebral
inoperável aos 47 anos de idade. Ela já sabia do tumor, e sofria com esse
problema havia 10 anos. O tumor estava numa área muito delicada do cérebro, por
isso ela não podia ser operada, sentia fortes dores e tonturas, e isso também
foi um contribuinte para ela tentar largar carreira musical. O último disco foi My foolish heart, lançado
naquele mesmo ano, interpretando versões de clássicos americanos.
Em 2002,
seus discos lançados anteriormente em LPs foram relançados em duas caixas
separadas - uma com o período 1964-1975 e a outra1977-1989 - trazendo também faixas-bônus e um
livreto sobre sua biografia. Mesmo depois de ter morrido há anos, suas músicas
ainda eram sucesso, como até hoje são.
Em
2007, a cantora Fernanda Takai gravou o disco Onde Brilhem os
Olhos Seus, onde interpreta canções típicas do repertório de Nara
Leão, fazendo assim uma homenagem. Em janeiro de 2012, seu acervo de fotografias,
músicas e documentos foi digitalizado e aberto para consulta.
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NARA LEÃO E OS FILHOS ISABEL E FRANCISCO
Nara
Leão começou somente como Nara. Opinou. Protestou com opinião, e cantou livre.
Cantou a Bossa com mais quatro. Exigiu Liberdade, liberdade. Pediu passagem.
Raiou com a manhã de Liberdade. Soprou o vento de maio. Voltou a ser Nara,
depois Nara Leão. Mostrou as coisas do mundo. Reavivou a bossa dez anos depois.
Relembrou os seus primeiros amores. Cantou com seus amigos que eram um barato.
Mandou tudo por inferno. Homenageou um amigo com açúcar e com afeto. Teve um
romance popular com os novos ritmos do nordeste. Bailou. Sambou encabulada.
Novamente cantou em um cantinho e um violão. Distribuiu abraços, carinhos e
beijinhos sem ter fim para seus fãs. Disse onde foi garota, e nos contou seus
sonhos dourados. E por fim descansou seu coração. A discografia de Nara Leão é
uma das mais perfeitas já deixada para nós, amantes da MPB. Quem quiser saber o
que aconteceu dentro da Música Popular Brasileira, entre 1964 a 1989, escute os
discos de Nara Leão.
Faço versos pro palhaço que na vida já foi tudo
Foi soldado, carpinteiro, seresteiro e vagabundo
Sem juízo e sem juízo fez feliz a todo mundo
Mas no fundo não sabia que em seu rosto coloria
Todo encanto do sorriso que seu povo não sorria
(Nara Leão) Foi soldado, carpinteiro, seresteiro e vagabundo
Sem juízo e sem juízo fez feliz a todo mundo
Mas no fundo não sabia que em seu rosto coloria
Todo encanto do sorriso que seu povo não sorria
Nara Leão viveu intensamente a vida e participou dela não como mera expectadora,mas sim pessoa atuante no cenário cultural e político do país,pena que foi cedo demais brilhar com as estrelas.Saudades!
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