0uça uma coisa rara: "Quando um dos
meus amigos tem sucesso, alguma coisa em mim se apaga", disse certa vez
Gore Vidal. Ouça outra raridade: "A notícia (da morte de Guimarães Rosa)
deu-me um alívio, uma brusca e vil euforia. É fácil admirar, sem ressentimento,
um gênio morto", disse Nelson Rodrigues. O que há de raro nessas duas
frases, é bom dizer logo, não é o sentimento que as move, mas a confissão do
que estão sentindo. Porque, como escreve o jornalista Zuenir Ventura, "o
ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A
luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde".
Ao aceitar a encomenda da editora Objetiva de escrever um livro sobre a inveja, Zuenir se deu conta de que não teria nada a acrescentar num ensaio sobre o tema (já há centenas de títulos sobre esse pecado capital). Se partisse para uma simples reportagem, também não chegaria a lugar algum, já que, com a ajuda do Ibope, descobriu que 73% dos brasileiros sabem muito bem o que é inveja, mas 84% declaram jamais ter cometido o pecado. Resolveu assim fazer um livro "sobre alguém tentando escrever um livro sobre a inveja" - e, ao compartilhar essa aventura com o leitor, Zuenir criou uma obra original, emocionante e invejável.
Sua primeira missão: ouvir a confissão da inveja. Onde? Em terreiros de umbanda, nos confessionários das igrejas e nos consultórios de psicanalistas. No terreiro de dona Lucinda, Zuenir conhece Kátia, uma morena de parar o trânsito e pivô de um triângulo amoroso que resultará em uma morte - causada, é claro, por inveja.
A partir do momento em que Kátia entra na história, Mal Secreto envereda para o terreno da investigação policial e, com habilidade, Zuenir mescla reportagem com ficção, deixando o leitor perdido, sem saber onde termina um e começa o outro, mas tendo uma aula sobre a inveja. Uma distinção básica percorre toda a obra, dita de uma maneira ou de outra, pelos diferentes personagens da trama: "Ciúme é querer manter o que se tem; cobiça é querer o que não se tem; inveja é não querer que o outro tenha".
Sem preconceitos, o autor do best-seller 1968 - O Ano que Não Terminou visita a socialite Vera Loyola, considerada uma rainha entre os novos ricos cariocas e alvo de muita inveja dos não tão mais ricos assim da chamada alta sociedade. E Vera Loyola surpreende Zuenir com uma definição exemplar: "O verdadeiro amigo não é o que é solidário na desgraça, mas o que suporta o seu sucesso." De passagem Zuenir dá crédito a um esclarecimento de Vera: não é verdade a lenda de que ela forra os seus carros com tapetes persas. Pura inveja de seus inimigos.
No consultório do psicanalista Renato Mezan, em São Paulo, Zuenir esclarece outra questão fundamental: não existe "inveja boa" ou "inveja saudável". "Quando alguém diz 'morro de inveja de sua disposição', pode apostar: ou está sendo hipócrita para esconder a verdadeira e inconfessável fonte de inveja, ou está manifestando admiração, que é o oposto da inveja", escreve Zuenir.
Ao final de sua aula, o autor de Cidade Partida só não sabe dizer uma coisa: é possível que tenha escrito esse livro para causar inveja? "Em matéria de inveja, todo o cuidado é pouco, as armadilhas estão por toda a parte", diz. A inveja é um perigo.
Ao aceitar a encomenda da editora Objetiva de escrever um livro sobre a inveja, Zuenir se deu conta de que não teria nada a acrescentar num ensaio sobre o tema (já há centenas de títulos sobre esse pecado capital). Se partisse para uma simples reportagem, também não chegaria a lugar algum, já que, com a ajuda do Ibope, descobriu que 73% dos brasileiros sabem muito bem o que é inveja, mas 84% declaram jamais ter cometido o pecado. Resolveu assim fazer um livro "sobre alguém tentando escrever um livro sobre a inveja" - e, ao compartilhar essa aventura com o leitor, Zuenir criou uma obra original, emocionante e invejável.
Sua primeira missão: ouvir a confissão da inveja. Onde? Em terreiros de umbanda, nos confessionários das igrejas e nos consultórios de psicanalistas. No terreiro de dona Lucinda, Zuenir conhece Kátia, uma morena de parar o trânsito e pivô de um triângulo amoroso que resultará em uma morte - causada, é claro, por inveja.
A partir do momento em que Kátia entra na história, Mal Secreto envereda para o terreno da investigação policial e, com habilidade, Zuenir mescla reportagem com ficção, deixando o leitor perdido, sem saber onde termina um e começa o outro, mas tendo uma aula sobre a inveja. Uma distinção básica percorre toda a obra, dita de uma maneira ou de outra, pelos diferentes personagens da trama: "Ciúme é querer manter o que se tem; cobiça é querer o que não se tem; inveja é não querer que o outro tenha".
Sem preconceitos, o autor do best-seller 1968 - O Ano que Não Terminou visita a socialite Vera Loyola, considerada uma rainha entre os novos ricos cariocas e alvo de muita inveja dos não tão mais ricos assim da chamada alta sociedade. E Vera Loyola surpreende Zuenir com uma definição exemplar: "O verdadeiro amigo não é o que é solidário na desgraça, mas o que suporta o seu sucesso." De passagem Zuenir dá crédito a um esclarecimento de Vera: não é verdade a lenda de que ela forra os seus carros com tapetes persas. Pura inveja de seus inimigos.
No consultório do psicanalista Renato Mezan, em São Paulo, Zuenir esclarece outra questão fundamental: não existe "inveja boa" ou "inveja saudável". "Quando alguém diz 'morro de inveja de sua disposição', pode apostar: ou está sendo hipócrita para esconder a verdadeira e inconfessável fonte de inveja, ou está manifestando admiração, que é o oposto da inveja", escreve Zuenir.
Ao final de sua aula, o autor de Cidade Partida só não sabe dizer uma coisa: é possível que tenha escrito esse livro para causar inveja? "Em matéria de inveja, todo o cuidado é pouco, as armadilhas estão por toda a parte", diz. A inveja é um perigo.
Os conceitos incorporados no que se
conhece hoje como os sete
pecados capitais se trata de
uma classificação de condições humanas conhecidas atualmente como vícios que é muito antiga e que precede ao
surgimento do cristianismo mas que foi usada mais tarde pelo catolicismo com o intuito de controlar, educar,
e proteger os seguidores, de forma a compreender
e controlar os instintos
básicos do ser humano. O que foi
visto como problema de saúde pelos antigos gregos,
por exemplo, a depressão (melancolia,
outristetia), foi transformado em pecado pelos grandes pensadores da Igreja
Católica.
Assim, a Igreja Católica classificou e seleccionou os pecados em dois tipos: os pecados que são perdoáveis sem a necessidade do sacramento da confissão, e os pecados capitais, merecedores
de condenação.
A partir de inícios do século XIV a popularidade dos sete pecados capitais entre artistas da época resultou numa popularização e
mistura com a cultura humana no mundo inteiro.
A
Gula
É o desejo insaciável, além do necessário, em
geral por comida, bebida ou intoxicantes.
Segundo tal visão, esse pecado também
está relacionado ao egoísmo humano: querer ter sempre mais e mais, não se
contentando com o que já tem, uma forma de cobiça.
Ela seria controlada pelo uso da virtude da temperança.
Do latim gula
A
Avareza
É o apego excessivo e descontrolado pelos
bens materiais e pelo dinheiro, priorizando-os e deixando Deus em segundo
plano. É considerado o pecado mais tolo por se firmar em possibilidades.
Na concepção cristã,
a avareza é considerada um dos sete
pecados capitais, pois o avarento prefere os bens materiais ao
convívio com Deus. Neste sentido, o pecado da avareza conduz à idolatria,
que significa tratar algo, que não é Deus, como se fosse deus.
Avareza,
no cristianismo, é sinônimo de ganância,
ou seja, é a vontade exagerada de possuir qualquer coisa. Mais
caracteristicamente é um desejo descontrolado, uma cobiça de bens materiais e dinheiro, ganância.
Mas existe também avareza por informação ou por indivíduos, por exemplo. Do
latim avaritia
A
Luxúria
Do latim luxuriae é o desejo passional e
egoísta por todo o prazer sensual e material. Também pode ser entendido em seu
sentido original: “deixar-se dominar pelas paixões”.
Consiste no apego aos prazeres carnais,
corrupção de costumes; sexualidade extrema, lascívia e sensualidade. Do latim luxuria
A
Ira
A Ira é o intenso e descontrolado
sentimento de raiva, ódio, rancor que pode ou não gerar sentimento de vingança.
É um sentimento mental que conflita o agente causador da ira e o irado.
A ira torna a pessoa furiosa e
descontrolada com o desejo de destruir aquilo que provocou sua ira, que é algo
que provoca a pessoa. Segundo a Igreja Católica, a ira não atenta apenas contra
os outros, mas pode voltar-se contra aquele que deixa o ódio plantar sementes
em seu coração. Seguindo esta linha de raciocínio, o castigo e a execução do
causador pertencem a Deus. Do latim ira
A
Inveja
É considerada pecado porque uma pessoa
invejosa ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de outra pessoa no
lugar do próprio crescimento espiritual.
É o desejo exagerado por posses, status,
habilidades e tudo que outra pessoa tem e consegue. O invejoso ignora tudo o
que é e possui para cobiçar o que é do próximo.
A inveja é freqüentemente confundida com
o pecado capital da Avareza,
um desejo por riqueza material, a qual pode ou não pertencer a outros. A inveja
na forma de ciúme é proibida nos Dez Mandamentos da Bíblia.
Do latim invidia, que quer
dizer olhar com malícia.
A
Preguiça
A Igreja Católica apresenta a preguiça como um dos sete
pecados capitais, caracterizado pela pessoa que vive em estado
de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência, desleixo,
morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a leva à
inatividade acentuada. Aversão ao trabalho, frequentemente associada ao ócio,
vadiagem. Do latim prigritia
Soberba
ou Vaidade
É associada à orgulho excessivo, arrogância e vaidade.
Em paralelo, segundo o filósofo Tomás de Aquino,
a soberba era um pecado tão grandioso que era
fora de série, devendo ser tratado em separado do resto e merecendo uma atenção
especial. Aquino tratava em separado a questão da vaidade, como sendo também um
pecado, mas a Igreja Católica decidiu unir a vaidade à soberba, acreditando que
neles havia um mesmo componente de vanglória, devendo ser então estudados e
tratados conjuntamente. Do latim superbia, vanitas
MAS
A DENOMINAÇÃO DE PECADO NÃO PARA POR AÍ...Em função
das mudanças ocorridas na sociedade atual, o Vaticano criou, em março de 2008,
um conjunto de novos pecados adaptados à era da globalização.
- Experimentos “moralmente
dúbios” com células-tronco: a
Igreja Católica defende a idéia de que a vida se forma no momento da formação
do embrião. Portanto, condena qualquer tipo de pesquisa científica com embriões
humanos e células-tronco embrionárias.
- Uso de drogas: as drogas
causam dependência física e psicológica nos usuários e prejudicam o
funcionamento harmonioso da família. É uma atitude contra a vida humana.
- Poluição do meio ambiente:
a poluição do ar, água e solo trazem prejuízos sérios ao meio ambiente e a
saúde das pessoas.
- Agravamento da injustiça
social: o capitalismo criou, em muitos países, uma má distribuição de renda,
deixando à margem da sociedade grande parcela da população (os excluídos
sociais).
- Riqueza excessiva: o
capitalismo favoreceu a concentração de renda, muitas vezes, de forma
excessiva. Algumas pessoas concentram bilhões de dólares, enquanto outros, não
têm se quer o que comer.
- Geração de pobreza: a
pobreza e a miséria estão espalhadas pelo mundo. Cometem este pecado àqueles
que contribuem para a geração destas condições sociais.
- Violações bioéticas como,
por exemplo, controle de natalidade: é considerada violação bioética toda
atitude que pretende evitar a geração de vida de forma natural (uso de
contraceptivos, cirurgias, aborto, inseminação artificial).
Talvez haja apenas um pecado capital: a impaciência.
Devido à impaciência, fomos expulsos do Paraíso; devido à impaciência, não
podemos voltar.
A religião prestou ao amor um grande serviço, fazendo dele
um pecado.
O que nos outros chamamos de pecado, para nós é
experiência.
Na
minha opinião...
Não há outro pecado além da estupidez humana.
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