No dia 5 de novembro, aniversário de Ruy Barbosa, é comemorado no Brasil o Dia Nacional da Cultura.
A data é comemorada desde 1970.
Um dos maiores políticos da
História do Brasil, Ruy Barbosa de Oliveira nasceu em
Salvador, no dia 5 de novembro de 1849. Faleceu na cidade de Petrópolis em 1° de março de 1923.
Além de político, atuou como jurista, diplomata, escritor, filólogo e tradutor.
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto
ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos
maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha
de ser honesto."
“A liberdade não é um luxo dos tempos de bonança; é,
sobretudo, o maior elemento de estabilidade das instituições.”
(RUY BARBOSA)
A cultura vem sendo valorizada em todo o país através de
leis de incentivo e mobilizações sociais, a fim de que
mais pessoas tenham acesso às ações culturais desenvolvidas não só no Brasil, mas
também em outros países.
Para o antropólogo, Roberto da Matta, a relação dos
brasileiros com a sua cultura é através de suas festas populares, manifestações
religiosas, literatura e arte, desfiles carnavalescos e paradas militares, leis
e regras (quando respeitadas e quando desobedecidas), costumes e esportes. A
partir disso surge um Brasil complexo, que não se submete a uma fórmula ou
esquema único, o que transforma o Brasil em um país tão diversificado como
diversificados são os rituais, conjunto de práticas consagradas pelo uso ou pelas normas,
a que os brasileiros se entregam.
CULTURA E DIVERSIDADE
O Brasil é um país cuja principal marca cultural é a
mistura. Desde o começo de sua história, o país foi marcado pela presença de
diferentes povos e culturas, fazendo com que sua formação tivesse grande
diversidade e mistura. Aqui viviam povos indígenas, em tribos, com uma cultura
guerreira, muito ligada à natureza; em 1500 chegaram os colonizadores
portugueses, que trouxeram para cá a cultura européia, com uma forte influência
moura. O uso do negro africano como escravo na colônia, trouxe ainda novas
crenças, falas e costumes, que aos poucos foram se misturando e integrando a
cultura local.
Posteriormente, com o fim da escravidão, diversos outros
povos ainda vieram para o país, como italianos, japoneses e alemães, cada um
acrescentando ao Brasil um novo detalhe cultural.
Com toda essa miscigenação de povos e culturas, não é de
se estranhar que o Brasil tenha na sua língua, costumes, religião e
manifestações culturais traços únicos, que podem se assemelhar a outras
culturas do
mundo, mas que sempre tem seus detalhes particulares.
mundo, mas que sempre tem seus detalhes particulares.
A Língua
Apesar de aqui se falar o Português, Brasil e Portugal
possuem algumas diferenças entre suas línguas. O português brasileiro traz a
essência de Portugal, mas incorporou termos da fala das tribos indígenas e dos
povos africanos.
No início do período colonial, o número de índios era
muito maior que o de portugueses, por isso, a língua Tupinamba, indígena, era a
mais usada e dela derivou a língua geral, que era aqui usado até o início do
século XVII. Quando os portugueses começaram efetivamente a ocupar o território
brasileiro, o português passou a ser língua mais usada, mas já incorporando
algumas palavras indígenas. Com o início do tráfico negreiro, detalhes das
línguas africanas começaram a se misturar ao português.
Hoje em dia, o português brasileiro é muito diferente do
de Portugal e possui diversas alterações regionais, como o caipira (das regiões
interioranas), o carioca (do Rio de Janeiro), o mineiro (de Minas Gerais), o
gaúcho (do Rio Grande do Sul) e outros.
Entre as palavras herdadas do tupi, destacam-se os nomes
de pessoas, como Araci, Iara, nome de estados e formações naturais, como Ceará
e Ipanaema, algumas doenças como catapora, e substantivos ligados à natureza,
como mandioca e urupema.
Religião
O Brasil é marcado por uma grande diversidade de
religiões, assim como pela liberdade de escolha e pela tolerância. A maior
parte da população, 60%, é católica, uma das maiores heranças de Portugal. Mas
muitas outras religiões se manifestam por aqui. Mais recentemente, começou a se
manifestar no país o espiritismo, e hoje o Brasil concentra o maior número de
espíritas do Mundo. O protestantismo também possui muito espaço aqui, sendo a
segunda religião em adeptos; caracteriza-se pela livre interpretação da bíblia
e pela grande variedade de denominações e grupos.
Também estão muito presentes as religiões
afro-brasileiras, formadas por religiões trazidas da África pelos escravos e
também pelo sincretismo de religiões. O candomblé é um exemplo, com cultos,
cantos e danças sobreviventes da África Ocidental. Há também a Unbanda, um
misto de candomblé, com catolicismo e espiritismo.
Existem ainda manifestações de muitas outras religiões,
vindas dos mais diversos lugares do mundo, como o islamismo, o judaísmo, o
neopaganismo ou o mormonismo.
Arte
Durante os primeiros séculos de colônia, a arte no Brasil
estava intimamente ligada à portuguesa, com os movimentos artísticos europeus,
como o renascimento, maneirismo, barroco, rococó e neoclassicismo.
Mas mesmo neste período uns toques típicos da cultura que
aqui se formavam já se manifestavam, um exemplo são as esculturas de
Aleijadinho nas igrejas de Minas Gerais ou os anjos negros nas pinturas de
Manuel da Costa Ataíde.
No início do século XIX, as artes começam a ser ensinadas
academicamente, e cada vez mais características nacionais, e nacionalistas, foram
incorporadas, tendo como principal manifestação o romantismo, que exaltava as
terras e o povo brasileiro.
Até o século XX, as artes brasileiras acompanharam as
correntes européias, colocando um pouco do Brasil nelas, passando assim pelo
realismo, naturalismo, simbolismo e parnasianismo, e criando grandes nomes na
literatura, na pintura, na música, na escultura.
No século XX a arte no país renovou-se completamente, com
o movimento Modernista, que quis criar uma arte genuinamente brasileira,
buscando sua fonte na cultura popular. Esse movimento foi marcado pela Semana
de Arte Moderna de 1922, quando seus principais trabalhos foram exibidos. Os
artistas desta fase, como Villa Lobos, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di
Cavalcante, são ainda grandes nomes da cultura brasileira.
É claro que não se pode esquecer-se da cultura popular do
país e de toda a arte que produz, seja na literatura, com histórias e contos
folclóricos de origem indígenas; seja nas artes plásticas, com trabalhos em
cerâmica; ou seja na música e na dança, onde deixa seus principais traços,
criando ritmos e festivais únicos, como a bossa nova, o samba e o carnaval.
Folclore
O folclore brasileiro é recheado de lendas e mitos como o
Saci-pererê, um menino de uma perna só que mora na floresta, usa um gorro
vermelho e fuma cachimbo. Uma de suas travessuras mais comuns é emaranhar a
crina dos cavalos de viajantes que acampam na floresta. Seu nome vem do
tupi-guarani. Outras lendas como a da Mula-sem-cabeça, do Curupira, Iara Mãe
D’Água, Boi Tatá, o Negrinho do Pastoreio e do Boto cor de rosa também são
bastante conhecidas.
Música
A música estava presente no cotidiano do índio e do negro,
relacionada tanto ao simples prazer quanto a rituais religiosos. As cantigas de
roda infantis e as danças de quadrilhas são de origem francesa. Pela influência
de vários povos e com a vinda de instrumentos estrangeiros (atabaques, violas,
violão, reco-reco, cuíca e cavaquinho), inventamos o samba, o maracatu, o
maxixe e o frevo. Inventamos também o axé, a moda de viola, que é a música do
homem do interior, e o chorinho. Alguns movimentos musicais, como a Bossa Nova
e a Tropicália, também foram importantes na formação musical brasileira.
Comida
Assim como em outras instâncias da nossa cultura, o índio,
o negro e o branco fizeram essa miscelânea que é nossa tradição culinária.
Aprendemos a fazer a farinha de mandioca com os índios e dela fazemos a
tapioca, o beiju e também o mingau. A feijoada é fruto da adaptação do negro às
condições adversas da escravidão, pois era feita com a sobra das carnes. O
azeite de dendê também é uma grande contribuição africana à nossa culinária,
pois com ele fazemos o acarajé e o abará. Os portugueses nos ensinaram técnicas
de agricultura e de criação de animais. Deles, herdamos o costume de ingerir
carne de boi e porco, além de aprendermos a fabricar doces, conservas, queijos,
defumados e bebidas.
Fonte: www.fea.usp.br
“Sem a cultura, e a
liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja,
não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o
futuro.”
(Albert Camus)
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