Mario de Miranda Quintana
(Alegrete 30 de Julho de 1906 – Porto Alegre 05 de Maio de 1994)
Este grande poeta, tradutor e jornalista brasileiro nasceu na cidade de Alegrete (RS), no dia 30 de julho de 1906, quarto filho de Celso de Oliveira Quintana, farmacêutico, e de D. Virgínia de Miranda Quintana.
Com 7 anos, auxiliado pelos pais, aprende a ler tendo como cartilha o jornal Correio do Povo. Seus pais ensinam-lhe, também, rudimentos de francês. Considerado o "poeta das coisas simples", com um estilo marcado pela ironia, profundidade e perfeição técnica. Quintana que trabalhou como jornalista quase toda a sua vida (Jornal Correio do Povo 1953-1977), traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal.
Em 1940 ele lançou seu primeiro livro de poesias "A Rua dos Cataventos" iniciando sua carreira de poeta, escritor e autor infantil.
Mário Quintana não se casou nem teve filhos. Solitário, viveu grande parte da vida em hotéis: Entre 1968 a 1980 residiu no Hotel Majestic no centro histórico de Porto Alegre, de onde foi despejado quando o jornal Correio do Povo encerrou temporariamente suas atividades, por problemas financeiros.
ANTIGO HOTEL MAGESTIC - Atual: "Casa de Cultura Mario Quintana"
Ele foi morar no Hotel Royal com a ajuda de um amigo o comentarista esportivo e ex-jogador da seleção Paulo Roberto Falcão, na época proprietário do Hotel. A uma amiga que achou pequeno o quarto, Quintana disse: "Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas". Essa mesma amiga conseguiu levar Quintana para morar em um apart-hotel no centro de Porto Alegre, o Porto Alegre Residence onde ele permaneceu até sua morte.
Em 1982 o Hotel Majestic foi tombado por ser considerado um marco arquitetônico. No ano seguinte a pedido dos fãs de Quintana, o governo estadual do Rio Grande do Sul adquiriu o imóvel e transformou-o em centro cultural, batizado como "Casa de Cultura Mario Quintana". O quarto do poeta foi reconstruído em uma de suas salas, sob orientação da sobrinha-neta Elena Quintana.
No centenário de seu nascimento em 2006, várias comemorações foram realizadas no estado do Rio Grande do Sul em sua homenagem.
A INCOERÊNCIA DA ABL NÃO O IMPEDIU DE SER "IMORTAL"
O poeta tentou por três vezes uma vaga à Academia Brasileira de Letras, mas em nenhuma das ocasiões foi eleito; as razões eleitorais da instituição não lhe permitiram alcançar os vinte votos necessários para ter direito a uma cadeira. Ao ser convidado a candidatar-se uma quarta vez, e mesmo com a promessa de unanimidade em torno de seu nome, o poeta recusou dizendo: “Só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto, discurso para celebridades. É pena que uma casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro”.(Mario Quintana)
"Se Mário Quintana estivesse na ABL, não mudaria sua vida ou sua obra. Mas não estando lá, é um prejuízo para a própria Academia" (Luis Fernando Veríssimo)
"Não ter sido um dos imortais da Academia Brasileira de Letras é algo que até mesmo revolta a maioria dos fãs do grande escritor, a meu ver, títulos são apenas títulos, e acredito que o maior de todos os reconhecimentos ele recebeu: o carinho e o amor do povo brasileiro por sua poesia e pelo grande poeta e ser humano que ele foi…" (Cícero Sandroni)
"E quando lembro seu verso "enquanto os outros passarão, eu passarinho", penso que talvez tenha sido melhor assim. Quintana passarinho necessitava de mais espaço para o seu vôo, hoje e sempre a encantar todos os que, ao passar pelo efêmero da vida, descobrem a essência da obra imortal" (Professor Sergius Gonzaga, convidado a discursar na ABL no centenário na morte de Mario Quintana em 2006)
Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...
Sonhar é acordar-se para dentro.
Vale a pena viver - nem que seja para dizer que não vale a pena...
POEMINHA DO CONTRA
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Homenagem a Mario Quintana (a direita) e Carlos Drummond de Andrade, na Praça da Alfandega de Porto Alegre - (Obra de Francisco Stockinger)