Muita coisa mudou no Mercado Municipal Paulistano
desde sua inauguração, no dia 25 de janeiro de 1933. Hoje, coexistem no mesmo
espaço marcas antigas - a maioria delas ligadas a negócios familiares, que
passaram de pai para filhos e netos - e outras mais recentes, mas que também já
estão fazendo história no Mercadão.
Além disso, ao longo dos anos - e em especial
após a reforma de 2004, quando o prédio também foi tombado pelo Conselho
de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico
(CONDEPHAAT) -, o Mercadão ganhou projeção internacional, sendo hoje um dos
pontos turísticos mais visitados na capital paulista.
O Mercado Municipal Paulistano
foi construído para substituir o mercado velho que ficava na rua 25 de Março,
local onde os comerciantes vendiam seus produtos ao ar livre. Hoje, nas
barracas do municipal pode-se encontrar de tudo: frutas, verduras, carnes, peixes,
sementes e cereais, além dos tradicionais sanduíches de mortadela e pastéis de
bacalhau.
Em 1924, com o crescimento da cidade, foi
aprovada uma lei autorizando a construção de um novo mercado. O Mercado
Central, como é conhecido hoje, talvez tenha sido o último dos grandes
edifícios que foram erguidos a partir do final do século XIX para que a cidade
consolidasse cada vez mais suas imagens de “Metrópole do Café”.
O responsável por sua construção foi o
arquiteto de origem portuguesa Francisco de Paulo Ramos de Azevedo (1851 —
1928). Ele tinha o mais conceituado escritório de arquitetura da época — e
elaborou também o teatro Municipal, o Palácio das Indústrias, a Pinacoteca, os
Correios, Telégrafos e o Colégio Sion. Em seu escritório trabalhavam portugueses,
brasileiros e italianos, entre eles Felisberto Ranzini, que desenhou as
fachadas do Mercado.
O estilo da construção escolhido foi o uso de
fachadas sóbrias, com colunas internas e externas em estilo grego, jônico ou
dórico. Telhas de vidros, clarabóias e vitrais complementam o conjunto, criando
uma perfeita iluminação natural.
A execução dos vitrais foi entregue ao artista
russo Conrado Sorgenicht Filho, cujo trabalho também pode ser apreciado na
Catedral da Sé e em outras 300 igrejas brasileiras. Ao todo são 32 painéis,
subdivididos em 72 vitrais. Nestes vitrais, pode-se ver o trabalho manual do
colono através de suas obras compostas por paisagem de cultivo e colheita,
tração animal para o arado e para transporte além da criação de gado e de aves.
Da pesquisa à execução, Conrado levou quatro
anos. Contudo, o arquiteto brasileiro Ramos de Azevedo não veria terminada a
sua construção, vindo a falecer em 1928, deixando para seus sócios Armando
Dumont Villares e Ricardo Severo a finalização da obra.
Em 1932, a construção do Mercado Municipal se
conclui. Porém, armas e munições foram os primeiros produtos estocados em seu
interior, no lugar das frutas e peixes. Era a Revolução Constitucionalista.
Relata-se que alguns soldados treinavam pontaria mirando as cabeças das figuras
nos vitrais. Portanto, Conrado teve que trabalhar por mais dois meses repondo
os fragmentos quebrados.
Em 25 de janeiro de 1933, às margens do rio
Tamanduateí, numa área de 12.600m², ele foi finalmente inaugurado, quando São
Paulo contava com uma população de um milhão de habitantes. Através do Decreto
nº 35.275 de 06/07/1995, passou a denominar-se Mercado Municipal Paulistano.
FONTES:
Nenhum comentário:
Postar um comentário