Método Paulo Freire: alfabetização pela conscientização
A taxa de alfabetização mundial cresceu oito por cento nas últimas duas décadas.
A UNESCO estima 781 milhões de adultos analfabetos no mundo, sendo que cerca de 520 milhões são mulheres. Aproximadamente 103 milhões de crianças não têm acesso à escola e, portanto, não aprendem a ler, escrever ou contar.
Fala-se em alfabetização básica, quando uma pessoa sabe ler, escrever e conhece as principais regras de cálculo. Segundo a UNESCO, uma pessoa é analfabeta quando não consegue ler ou escrever uma pequena frase sobre sua vida. No entanto, aos números mencionados acima, podemos adicionar as centenas de milhões de "analfabetos funcionais", pessoas que sabem ler e escrever uma frase simples, mas não vão muito além disso. Por exemplo, não sabem preencher um formulário, interpretar um artigo de jornal ou usar os números na dia-a-dia. Talvez a definição mais correta de alfabetização seja do pedagogo brasileiro Paulo Freire: "A alfabetização é mais, muito mais, que ler e escrever. É a habilidade de ler o mundo, é a habilidade de continuar aprendendo e é a chave da porta do conhecimento".
Segundo a Constituição Brasileira, no artigo 205:
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento dapessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
A alfabetização consiste no aprendizado do alfabeto e de sua utilização como código de comunicação. De um modo mais abrangente, a alfabetização é definida como um processo no qual o indivíduo constrói a gramática e em suas variações. Esse processo não se resume apenas na aquisição dessas habilidades mecânicas (codificação e decodificação) do acto de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender, criticar, resignificar e produzir conhecimento.Todas essas capacidades citadas anteriormente só serão concretizadas se os alunos tiverem acesso a todos os tipos de portadores de textos. O aluno precisa encontrar os usos sociais da leitura e da escrita. A alfabetização envolve também o desenvolvimento de novas formas de compreensão e uso da linguagem de uma maneira geral. A alfabetização de um indivíduo promove sua socialização, já que possibilita o estabelecimento de novos tipos de trocas simbólicas com outros indivíduos, acesso a bens culturais e a facilidades oferecidas pelas instituições sociais. A alfabetização é um fator propulsor do exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento da sociedade como um todo.
DIA 08 DE SETEMBRO
Em 1990 foi realizada a Conferência da Unesco sobre Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, que se comprometia a diminuir pela metade o número de analfabetos no mundo até o ano 2000. Hoje nos encontramos no terceiro milênio e os países em desenvolvimento continuam a apresentar um número expressivo de pessoas analfabetas: mais da metade das populações jovens e adultas.
Apesar de os índices de analfabetismo regionais terem caído nas últimas décadas do século XX, nos países em desenvolvimento chega a 900 milhões o total de analfabetos, o que representa 25 por cento dos jovens e adultos do planeta.
Mas o que aconteceu para que aquela promessa de erradicação do analfabetismo mundial não se concretizasse? As causas são muitas.
Alguns países da África do sub-Saara (como Moçambique, Nigéria, África do Sul e Uganda) e Sul da Ásia (Srilanka, Paquistão, Índia, Bangladesh e Nepal) por exemplo, apresentaram alto crescimento das taxas demográficas, além de guerras e conflitos, que obrigaram a um aperto orçamentário, levando a uma queda do gasto per-capita com educação.
E embora os governos dos países em desenvolvimento invistam a maioria dos recursos da educação no ciclo básico (escola primária), os resultados não têm se mostrado satisfatórios. Nos países pobres, a situação consegue ser pior.
De qualquer forma, só a limitação orçamentária não pode ser aceita como a única explicação para o problema do analfabetismo nos países pobres e em desenvolvimento. Precisamos encarar o fato de que o trabalho de alfabetização ainda se mantém no fundo da escala de orçamentos tanto de agências nacionais quanto de doadores multilaterais.
A questão é complexa e ainda requer muito estudo, planejamento e, sobretudo, muita cooperação entre os povos para a resolução do problema.
Vale ressaltar que a comemoração da data no Brasil acontece desde 1930, no dia 14 de novembro, data da fundação do Ministério da Educação e Saúde Pública. Foi uma importante conquista do governo de Getúlio Vargas, que havia acabado de tomar posse.
O ANALFABETISMO NO BRASIL
Para o ministro Fernando Haddad (Educação), a maior dificuldade na alfabetização de adultos hoje é que ela está concentrada no meio rural. Ele argumenta que o problema não está na oferta, mas na falta de demanda por parte de uma população ocupada principalmente em atividades agrícolas. “Se considerarmos apenas a população de 15 a 59 anos nas cidades, a taxa de analfabetismo é de cerca de 5%. No meio rural, essa proporção se aproxima de 20%.”
Por essa razão, Haddad diz que o MEC está trabalhando para ruralizar cada vez mais o programa. “Há maior dificuldade de organizar turmas de alfabetização para uma população que está dispersa no campo e ocupada.”
Outra dificuldade citada por ele é o fato de o poder público não poder obrigar a população analfabeta a voltar para a escola. “Na faixa etária de zero a 17 anos, isto pode ser feito, pois a criança ou jovem estão sob o pátrio poder dos responsáveis. A partir de 18, você pode oferecer as vagas, mas não tem como obrigar a matrícula”.
Segundo Haddad, não é verdade que o programa Brasil Alfabetizado tenha sido tratado de forma não prioritária em sua gestão. De acordo com levantamento da ONG Contas Abertas, o governo gastou R$ 3 bilhões com o programa desde 2004. “Desde o governo Lula, não houve restrição orçamentária para o programa. E nós também incluímos as matrículas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no cálculo dos repasses do Fundeb, fundo que redistribui por aluno recursos públicos para a educação, coisa que não era feita antes.”
Conheça as diferenças entre os métodos de alfabetização
CYNARA MENEZES
Existem diversos métodos para alfabetizar crianças, jovens e adultos. No Brasil, os mais utilizados são o método global e métodos tradicionais, como o alfabético-silábico e o fônico. Por outro lado, muitos alfabetizadores brasileiros, das redes pública ou privada, preferem a teoria do construtivismo como base para a alfabetização. Qual o melhor caminho para ensinar a ler e escrever?
Escolher um ou outro é uma opção cujo grau de dificuldade aumenta principalmente quando se depara com a enorme diversidade socioeconômica e cultural de um país como o Brasil.
Fônico
Enfatiza as relações símbolo-som. Há duas "correntes". Na sintética, o aluno conhece os sons representados pelas letras e combina esses sons para pronunciar palavras. Na analítica, o aluno aprende primeiro uma série de palavras e depois parte para a associação entre o som e as partes das palavras. Pode utilizar cartilhas.
Linguagem total ("whole language")
Defende que os sistemas linguísticos estão interligados, e que a segmentação em imagens ou sons deve ser evitada. Os estudantes são apresentados a textos inteiros, já que acredita-se que "se aprende lendo". Em sala de aula, o professor lê textos para os alunos, que acompanham a leitura com o mesmo texto, assim se "familiarizando" com a linguagem escrita. A partir dessa familiarização, vão aprendendo palavras e, depois, as sílabas e as letras. Não utiliza cartilhas.
Orientação dos PCNs
Diagnóstico prévio do aluno antes de optar por qualquer método. Algumas crianças entram na primeira série sabendo ler. O professor lê textos em voz alta e é acompanhado pela classe, que tem em mãos os mesmos textos. Os alunos são estimulados a copiar textos com base em uma situação social pré-existente: por exemplo, eles ouvem poesias e compõem, por cópia ou colagem, seus cadernos de poemas favoritos. A leitura em voz alta por parte dos estudantes é substituída por encenações de situações que foram lidas, desenhos que ilustram os trechos lidos etc. As crianças aprendem a escrever em letra de forma; a consciência fônica é uma consequência. Não utiliza cartilhas.
Alfabético
Os alunos primeiro identificam as letras pelos seus nomes, depois soletram as sílabas e, em seguida, as palavras antes de lerem sentenças curtas e, finalmente, histórias. Quando os alunos encontram palavras desconhecidas, as soletram até decodificá-las. Pode utilizar cartilhas.
Analítico
Também conhecido como método "olhar-e-dizer", começa com unidades completas de linguagem e mais tarde as divide em partes. Exemplo: as sentenças são divididas em palavras, e as palavras, em sons. O "Orbis Sensualium Pictus" é considerado o primeiro livro escolar importante. Abaixo das gravuras estavam os nomes impressos para que os estudantes memorizassem as palavras, sem associá-las a letras e sons. Pode utilizar cartilhas.
Sintético
Começa a ensinar por partes ou elementos das palavras, tais como letras, sons ou sílabas, para depois combiná-los em palavras. A ênfase é a correspondência som-símbolo. Pode utilizar cartilhas.
http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=86&id=12280&option=com_content&view=article
http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/educacao/2011/8/36/Hoje-Dia-Mundial-Alfabetizacao,077289ba-09e6-45ff-8c22-f1a6fc571584.html
http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/educacao/2011/8/36/Hoje-Dia-Mundial-Alfabetizacao,077289ba-09e6-45ff-8c22-f1a6fc571584.html
" Ler não é decifrar, escrever não é copiar".
(Emilia Ferreiro)
"O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança
descobrir. Cria situações-problemas".
descobrir. Cria situações-problemas".
( Jean Piaget )
"Tão importante quanto o que se ensina e se aprende é como se
ensina e como se aprende".
ensina e como se aprende".
( César Coll )
"Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra".
( Anísio Teixeira )
"Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo".
(Paulo Freire)
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